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Boletim de Conjuntura destaca recuperação da economia gaúcha após enchentes

Porém, a perspectiva de crescimento em 2025 ainda é incerta

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Após as enchentes de abril e maio de 2024, a economia do Rio Grande do Sul mostrou recuperação ao longo do ano. Ainda que diversos setores tenham sido afetados pelas consequências do evento meteorológico, o Produto Interno Bruto (PIB) do Estado cresceu 1% no quarto trimestre e 4,9% no acumulado do ano. O mercado de trabalho também apresentou resultados positivos: segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua), o número de ocupados no quarto trimestre de 2024 foi 1,6% superior ao do trimestre anterior. 

As projeções para 2025, entretanto, indicam incertezas e uma provável desaceleração da economia do Rio Grande do Sul. Externamente, a política tarifária dos Estados Unidos impõe um cenário desafiador ao comércio mundial e aos investimentos. No Brasil, por sua vez, é esperado menos demanda interna, impactada pela inflação acima do teto da meta e por uma política monetária restritiva.

Esses e outros dados estão compilados no Boletim de Conjuntura de maio, divulgado nesta sexta-feira (9/5) pelo governo estadual. O documento, de autoria dos pesquisadores Martinho Lazzari, Tomás Torezani e Liderau Marques Junior, é produzido pelo Departamento de Economia e Estatística (DEE), vinculado à Secretaria de Planejamento, Governança e Gestão (SPGG). 

“A agricultura gaúcha sofreu uma nova estiagem em 2025, evento que afetou, principalmente, a produção de soja. Por esse motivo, as previsões iniciais da produção agrícola indicam uma safra menor em 2025. Além disso, o primeiro bimestre de 2025 mostrou acomodação do setor de comércio, após um crescimento expressivo no segundo semestre de 2024”, destacou Lazzari. 

Em contrapartida, o aumento recente da produção de máquinas e equipamentos deve impactar positivamente a economia. O principal segmento industrial do Estado mostra sinais de retomada após dois anos de forte retração. A expectativa para a atividade de construção civil também é otimista, uma vez que deve ser impulsionada pelas obras de reconstrução e de infraestrutura contra as cheias. 

Nos primeiros três meses de 2025, o que contribuiu para a economia gaúcha foram as vendas externas, que alcançaram US$ 4,6 bilhões. O valor representa aumento de 10,9% em relação ao mesmo período de 2024. 

Brasil e mundo

Em termos anuais, os PIBs das principais economias mundiais registraram desempenhos mistos em 2024, com aceleração da área do Euro (de 0,4% para 0,9%) e desaceleração do crescimento na China (de 5,4% para 5%) e nos Estados Unidos (de 2,9% para 2,8%). A Argentina, por sua vez, viu sua economia encolher pelo segundo ano consecutivo (-1,6% em 2023 e -1,7% em 2024).

A série de medidas tarifárias de importação ao redor do mundo, iniciada pelos Estados Unidos e com retaliações de outras economias, tem marcado o início de 2025. A persistência e a efetivação das medidas podem impactar os custos comerciais, elevando o preço de bens finais importados para os consumidores e dos insumos intermediários para as empresas. O cenário acentua a incerteza em relação à política econômica e ao comércio global. 

Quanto à economia brasileira em 2024, o último trimestre mostrou desaceleração em relação aos trimestres anteriores. O principal motivo foi o recuo do consumo das famílias, afetado pelo aumento da inflação e dos juros, a partir de setembro. Ainda assim, o PIB obteve resultados positivos no período e, no acumulado do ano, cresceu 3,4% em relação a 2023, superando as expectativas iniciais.  

Os agentes do mercado financeiro preveem uma taxa de inflação de 5,57% para o fechamento de 2025, segundo o Focus Relatório de Mercado. A previsão para o crescimento do PIB em 2025 é de 2%, conforme o mesmo documento. Já o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), em sua Carta de Conjuntura do primeiro trimestre, apresenta previsões distintas: crescimento de 5,2% para o IPCA e de 2,4% para o PIB. Nos dois casos, entretanto, as previsões indicam uma piora, em relação a 2023, dos números da inflação e do crescimento da economia.

Texto: Karine Paixão/Ascom SPGG
Edição: Secom

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